Nos últimos 15 dias, cerca de 200 trabalhadores terrestres e aquaviários da Empresa Serviço de Navegação da Bacia do Prata (Cinco & Bacia) têm se mobilizado, através da organização feita pela CONTTMAF , contra as arbitrariedades da companhia. De acordo com os representados, a empresa começou a atrasar salários e benefícios desde o início deste ano, quando começaram especulações de que a companhia seria vendida a uma multinacional venezuelana. Atualmente a Cinco & Bacia, que é uma das maiores companhias de navegação que operam na hidrovia Paraguai/Paraná, é controlada por um grupo argentino.
Em Assembléia Extraordinária realizada há poucos dias, foi decidido, por unanimidade, o estabelecimento de estado de greve por tempo indeterminado. Como resultado, no dia seguinte, a companhia, que está localizada na divisa entre os municípios de Ladário e Corumbá, teve todas as operações paradas. A greve contou com a adesão dos trabalhadores administrativos e do estaleiro. Além de manterem-se em estado de mobilização, cerca de 100 trabalhadores fazem vigia na porta da companhia.
Clarindo da Silva Costa, Presidente do Sindicato dos Aquaviários de Corumbá e Ladário –SINDACLA, filiado à Confederação revelou que um dos resultados da manifestação ocorrida na semana anterior foi o pagamento dos salários correspondentes ao mês de março. “Contudo, ainda não foram resolvidas questões como o pagamento do ticket de alimentação, que está com 10 meses de atraso, do vale transporte, que está há sete meses atrasado e às férias. Algumas destas vencidas há quatro anos”, destacou. Contudo, os problemas dos trabalhadores da região não estão restritos aos aspectos econômicos.
O Consultor Jurídico da CONTTMAF , Edson Areias, que acompanhou in loco a mobilização destaca que a bordo das embarcações há uma série de irregularidades trabalhistas e ambientais. “São inúmeros os desrespeitos no trato da empresa com os trabalhadores e as violações dos Direitos de Associação e os ilícitos contra a organização sindical dos trabalhadores”, disse. Além disso, Areias salienta que os trabalhadores não são informados sobre o que está acontecendo com a companhia, que passa por transição de ativos, e não existe diálogo para tratar das questões administrativas. O caso foi denunciado pela CONTTMAF ao Ministério do Trabalho.
O Diretor da Confederação, Ricardo Ponzi, que também esteve no local para orientar e ouvir os representados, além de deliberar as ações que se fizeram necessárias, lembrou que a pauta de reivindicações é ampla e não se restringe às questões salariais. “O tratamento dado a estes trabalhadores e as condições de trabalho a que têm sido submetidos são inadmissíveis! Muitos bebem água do rio, por não terem água potável a bordo! A empresa terá que responder por essas condições aviltantes”, alerta.
Em solidariedade à luta organizada pela CONTTMAF na região − que tem o apoio da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte, a ITF − centenas de fluviários argentinos de embarcações atracadas nos portos de Rosário, Corrientes, San Lorenzo e Buenos Aires y Posadas também se mantêm em estado de mobilização.