A inexistência de um planejamento logístico integrado criou um desequilíbrio no sistema portuário brasileiro. Enquanto muitos portos do Sudeste e do Sul estão sobrecarregados com a movimentação de cargas de todo o País, outros complexos estão subaproveitados pela falta de infraestrutura no Nordeste – e alguns no Norte. É o que revela um trabalho feito pela consultoria Booz & Company, encomendado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e que serviu de apoio para o pacote do governo federal.
O estudo mapeou os principais complexos portuários (portos públicos e privados por estuário) do Norte ao Sul do Brasil. Pelo menos quatro deles – que respondem por 57,1% do total movimentado no País – estavam operando acima da capacidade adequada para a prestação de serviço. Na prática, significa fila de espera de navios, custos com a estadia das embarcações e perdas de escala, que somados encarecem o produto nacional.
Pelo trabalho da Booz & Company, o porto de Santos, o maior da América do Sul, ainda não superou sua capacidade, assim como Itajaí, que inclui o porto de Navegantes. O resultado geral por complexo, no entanto, esconde a situação de cada terminal. De acordo com a consultoria, na área de grãos, um dos principais itens da balança comercial brasileira, nove dos 15 terminais avaliados estavam acima da capacidade. Na movimentação de açúcar, todos os terminais estavam acima ou no limite da capacidade. A carga em contêiner também sofre das mesmas carências, mas há mais terminais com folga.
Para especialistas, o setor portuário precisa mudar o rumo para atender com eficiência à demanda que virá nos próximos anos. Até 2031, a movimentação de carga atingirá 1,8 milhão de toneladas. Hoje está em 886 milhões. Os projetos em execução, segundo o estudo, devem elevar a capacidade para algo em torno de 1,3 milhão de toneladas.
Com informações do Jornal do Commercio