No workshop Defesa da Cabotagem Nacional e dos Empregos Locais, realizado na última sexta-feira (26) na sede do Sindmar, no Rio de Janeiro, a Conttmaf declarou apoio à luta da Aliança Marítima do Chile (Almar) – cluster que reúne entidades em defesa dos trabalhadores aquaviários do país – contra os pesados ataques que o setor vem sofrendo há 12 anos.
Assim como o Brasil, que sancionou a lei de incentivo à cabotagem (BR do Mar) em janeiro de 2022 com texto prejudicial aos marítimos brasileiros, o Chile pretende aprovar um projeto de lei para abrir a exploração da navegação na costa do país para armadores estrangeiros.
Apresentado ainda na gestão de Sebastián Piñera, o projeto, agora tocado pelo presidente Gabriel Boric, defende a abertura da cabotagem sob a alegação de que o mercado estaria concentrado.
Segundo o presidente da Almar, Rodolfo Ponce, a flexibilização coloca em risco a marinha mercante do país, pois estimula a transferência de bandeira das embarcações que ainda arvoram o pavilhão chileno.
Outro problema apontado por Rodolfo Ponce é a precarização das relações laborais e o desemprego. De acordo com ele, o projeto prevê autorização para navios com bandeira de conveniência operar com toda a tripulação formada por estrangeiros.
“Com isso, se acabam os sindicatos, as federações, se perdem todos os benefícios, os anos de negociação coletiva e as instituições que oferecem cursos de capacitação”, alerta o consultor marítimo.
Compartilhando da mesma luta, o presidente da Conttmaf e do Sindmar, Carlos Müller, e o presidente da FNTTAA, Ricardo Ponzi, em nome dos sindicatos marítimos brasileiros, manifestaram solidariedade à luta coletiva dos companheiros chilenos que há mais de uma década enfrentam a pressão de empresas e do governo pela abertura da cabotagem no país.
“Essa luta também é nossa. Quero deixar claro para vocês que os sindicatos marítimos brasileiros voltaram à ITF e estamos procurando conversar com os nossos vizinhos para encontrar um caminho comum, que nos permita defender os interesses dos trabalhadores locais juntos, em unidade, porque os nossos problemas são os mesmos no final das contas. A unidade regional é essencial para nós”, declarou Müller.