Uma moção proposta pela Conttmaf para a proteção da nossa cabotagem foi aprovada durante a Conferência Global de Marítimos da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), que está sendo realizada desde ontem (4) em Santiago, no Chile.
No primeiro dia do evento, o presidente do Sindmar e da Conttmaf, Carlos Augusto Müller, listou uma série de acontecimentos que afetaram o setor marítimo, como interesses econômicos envolvidos no acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que acabaram se tornando moeda de troca para governos sul-americanos liberais e prejudicando as marinhas mercantes nacionais de países da região.
Outra preocupação compartilhada pelo dirigente sindical é a avidez das megatransportadoras, que atuam de maneira vertical, impondo, sem limites, as condições que desejam praticar para aumentar os seus lucros, causando danos a trabalhadores portuários ao desviarem as suas rotas para evitarem a operação nos portos organizados.
“No porto de Itajaí, os armadores internacionais que controlam os seus próprios terminais desviaram os navios do porto público, promovendo um verdadeiro boicote ao porto estadual e deixando os estivadores que nele operam sem trabalho, gerando uma situação de emergência local”, denunciou Müller.
Entre as proposições apresentadas na moção entregue à ITF, entidades sindicais marítimas brasileiras e argentinas que também assinam o documento ressaltam a importância de se fortalecer a campanha contra as bandeiras de conveniência e pela defesa de condições laborais justas para marítimos e portuários locais na cabotagem e nos portos de seus países.
A representação sindical marítima defendeu que a celebração de acordo entre Mercosul e União Europeia necessita contemplar o emprego de marítimos de nossa região, o respeito à legislação nacional e às condições laborais alcançadas nos acordos coletivos que conquistamos, os quais são muito superiores ao praticado na navegação internacional.
Os sindicalistas solicitaram, ainda, apoio da ITF para desenvolver campanhas, seminários e workshops para fomentar a atuação institucional dos sindicatos latino-americanos junto aos seus governos e incentivar a retomada dos acordos bilaterais entre os países do Mercosul, que garantiram volume de carga para navios nacionais por mais de 30 anos e foram descontinuados no último governo.
Outros pontos defendidos por Müller foram a definição da América do Sul como região prioritária para a ITF em suas políticas, especialmente na defesa da navegação local e no direcionamento de recursos, além da continuidade das resoluções do Grupo de Trabalho Nacional de Cabotagem da ITF e combate às bandeiras de conveniência.
A moção foi aprovada por unanimidade por sindicatos marítimos dos cinco continentes e se tornou uma resolução. Na sequência da Conferência, ocorrem as reuniões do Comitê de Práticas Aceitáveis da ITF, no qual o Brasil está presente por meio da Conttmaf.