A Conttmaf acompanhou os membros da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Naval Brasileira em visita às instalações dos estaleiros Renave e Mauá na última sexta-feira (17), em Niterói, e participou de debates sobre as perspectivas para a retomada das atividades do setor naval no Brasil.
A representação sindical participou, ainda, de reunião da Frente com Reitores do Fórum das Universidades Públicas Estaduais e Instituições Federais de Ensino do Estado do Rio de Janeiro, realizada na Universidade Federal Fluminense (UFF), que fica no mesmo município, na região metropolitana do Rio.
A programação – organizada pela Frente Parlamentar, que tem como presidente o deputado federal Alexandre Lindenmeyer, do Rio Grande do Sul, e como vice-presidente a deputada federal Jandira Feghali, do Rio de Janeiro – faz parte de uma série de visitas técnicas que o grupo está organizando nos principais centros navais do País. A comitiva já esteve em Rio Grande e São José do Norte, no sul do Rio Grande do Sul, e nas próximas semanas visitará os estaleiros em Santa Catarina e Pernambuco.
Os problemas enfrentados por estaleiros nacionais para construir embarcações no Brasil em função dos elevados impostos sobre a matéria-prima e a tributação sobre a folha de pagamento estiveram entre os principais pontos abordados pelos integrantes da comitiva que foi a Niterói.
Em uma de suas explanações, Lindenmeyer criticou a forma como o País vinha conduzindo a política voltada para a construção naval nos últimos anos.
“(…) o Brasil pode ser muito mais do que um país de commodities, exportador de matéria-prima, e ir por uma via extremamente ao contrário daquilo que querem nos impor. Por vezes, a gente escuta, nas tentativas de negociações com a Europa e a América Latina, que a indústria fica lá e a matéria-prima fica aqui. E o que nós vemos, inclusive com a Reforma Tributária – que praticamente se aprovou, mas o curso de aplicação dela vai se dar com o tempo – é exatamente tornar a nossa indústria competitiva novamente”, disse.
O presidente da Conttmaf e do Sindmar, Carlos Augusto Müller, chamou a atenção para a ausência de representantes de empresas de navegação nas reuniões promovidas pela Frente Parlamentar, já que estão diretamente envolvidas na retomada do setor naval e são os possíveis compradores de navios construídos aqui no Brasil futuramente.
“Eu não vejo a presença de armadores nas discussões. Tirando a Transpetro, que está presente e, de fato, construiu navios de maneira significativa em tempos recentes, e a Petrobras, com alguma demanda no offshore, não vemos os armadores privados interessados no tema”, declarou.
Ao lembrar que os trabalhadores brasileiros são os maiores prejudicados pelos desinvestimentos que a construção naval vem sofrendo, a deputada federal Jandira Feghali destacou a importância de se garantir uma maior participação de profissionais nacionais nas vagas que vierem a surgir com a retomada das atividades do setor.
“Gerar emprego não era importante [nos últimos anos]. Alguns setores estratégicos foram abandonados, sendo públicos ou privados, e os trabalhadores sofreram as consequências dessa decisão política. (…) Nós temos que trabalhar bem, pois o nosso principal armador brasileiro é a Petrobras, controlada pelo Estado brasileiro. Nós temos que – na minha opinião – superar a BR do Mar, que foi um atraso para o setor no Brasil, tanto para a construção e reparo ou para gerar emprego em terra e no mar”, disse Jandira, ao fazer referência ao veto do ex-presidente Jair Bolsonaro aos 2/3 de tripulação brasileira nas embarcações que aderirem ao programa de estímulo à cabotagem.
Durante o encontro com reitores da UFF, o deputado federal e 1º vice-presidente da Frente Parlamentar, Lindbergh Farias, lamentou a queda no número de postos de trabalho na indústria naval do Brasil.
“Vocês que são aqui da UFF sabem como eram importantes os estaleiros, com aquela força produtiva. A gente esteve, agora, no Estaleiro Mauá. Quando eu fui lá com o Lula, em 2009, a gente tinha nove mil empregos. Hoje tem mil. Só faz reparos”, disse, ao reconhecer a importância do trabalho desenvolvido pela Frente Parlamentar para apoiar a recuperação do setor.
Os reitores do Fórum das Universidades defenderam, entre outros pontos, o alinhamento de ideias entre as instituições ligadas ao setor naval e a Academia para a promoção de cursos de qualificação com o objetivo de preparar os trabalhadores para atender à demanda por mão de obra nesta retomada da indústria naval.
A Frente Parlamentar foi lançada em 4 de julho deste ano, na Câmara dos Deputados, em Brasília, e contou com a participação da diretoria da Conttmaf e da FNTTAA.
As duas entidades, juntamente com a CTB, a CUT, a CNM, a Fitmetal, a FUP, o CRT-RJ, o Sindmar, o Senge-RJ, o Sindimetal de Angra dos Reis, o Sindimetal de Niterói, o Sindimetal Rio e o Sinaval formam o Fórum pela Retomada Naval e Offshore e, à época do lançamento da Frente, entregaram aos parlamentares um manifesto com proposições para alavancar o setor.
Acompanharam a visita técnica desta sexta-feira a Conttmaf, a CTB, o Sindimetal Rio, o Sindimetal de Angra dos Reis, o Sindimetal de Niterói, o Sinaval e a Transpetro, entre outras instituições.
*Com informações da Assessoria Parlamentar do Deputado Federal Alexandre Lindenmeyer