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Durante a Conferência Global de Marítimos da Federação Internacional de Trabalhadores em Transportes (ITF), realizada nos últimos dois dias, a Conttmaf foi convidada a participar de um painel sobre os desafios e as oportunidades de inclusão, diversidade e igualdade para a mulher, a juventude e o público LGBTQIAPN+ na indústria marítima.
Representantes de entidades sindicais marítimas do Brasil, do Reino Unido, da Noruega e da Argélia fizeram parte do painel. Na ocasião, a representante da Conttmaf, Cecília Rodrigues, ressaltou o fato de que faz apenas duas décadas que as mulheres ingressaram na Marinha Mercante brasileira como oficiais.
“Especialmente na última década, os nossos sindicatos conseguiram alcançar, por meio da luta coletiva, avanços extraordinários para as mulheres e para os homens também. Ter, no Brasil, navios com bandeira nacional navegando em uma cabotagem protegida, é um elemento fundamental para alcançar condições justas e assegurar a presença das mulheres na indústria marítima”, afirmou.
Enquanto a média global de participação das mulheres no setor gira em torno de 2%, no Brasil elas representam 17% dos profissionais marítimos. Neste contexto, apesar da falta de legislação específica, a cláusula da marítima gestante, presente nos acordos coletivos de trabalho (ACT) firmados entre a representação sindical e empresas, constituiu uma conquista significativa.
Este dispositivo garante às profissionais marítimas grávidas a manutenção da remuneração integral durante o período de gestação, além dos demais benefícios, como o vale-alimentação e as assistências médica e dental.
Outro ponto que chamou a atenção dos sindicalistas que participavam da Conferência Global, durante a intervenção da representante brasileira, foi a nossa abordagem para as questões de saúde mental dos marítimos.
“Acreditamos que a saúde mental é brutalmente afetada quando os marítimos permanecem por longos períodos a bordo, longe de casa e da família. Acreditamos que usufruir do repouso remunerado em terra, de forma compatível com o tempo embarcado, é essencial para haver recuperação após o fardo causado pela fadiga”, avaliou Cecília Rodrigues.
No Brasil, desde 2018, após persistente luta dos sindicatos marítimos brasileiros sob coordenação da Conttmaf, todos os navios em operação na cabotagem têm a escala de trabalho e repouso 1×1, que estabelece no máximo 60×60 dias para embarque e desembarque. No apoio marítimo, o regime é 28×28 dias.
“Esta foi uma conquista muito importante, que ajudou a reduzir os problemas de saúde mental dos nossos marítimos e, claro, é um incentivo para os jovens permanecerem a bordo e seguirem as carreiras marítimas”, finalizou.